"Quereis saber quão feliz, quão
alto é e quão digno de ser festejado o Nascimento de Maria? Vede o para que
nasceu. Nasceu para que dEla nascesse Deus. (...) Perguntai aos enfermos para
que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para Senhora da Saúde;perguntai
aos desamparados, dirão que nasce para Senhora do Amparo; perguntai aos
desconsolados, dirão que nasce para Senhora da Consolação; perguntai aos
tristes, dirão que nasce para Senhora dos Prazeres; perguntai aos desesperados,
dirão que nasce para Senhora da Esperança..aos pecadores todos, para Senhora da
Graça. E se todas estas vozes se unirem em uma só voz, dirão que nasce para ser
Maria e Mãe de Jesus" (Sermão do Nascimento da Mãe de Deus – Pe. Antônio
Vieira).
Norteados pelas palavras do
célebre padre Antônio Vieira, podemos perceber que cada Cristão católico
carrega em sim um especial sentido para o nascimento de Maria. Pois por ser uma
de nós, ou seja, humana, verdadeiramente humana, encontrou uma graça especial
diante dos olhos de Deus. Um zelo tão inefável, que não se ateve apenas no
momento em que o Anjo viria a revelar sua missão de gerar o Filho de Deus.
Maria desde toda eternidade já
estava no projeto de Deus para salvação da humanidade. Projeto este que Deus
veio durante todo sempre cuidando com especial atenção. Buscando mostrar, aos
seus escolhidos, que foram preparados, desde sempre, para que pudessem, no
tempo oportuno, responder ao seu chamado.
Assim foi esta preparação com a
virgem Maria, desde a sua concepção Deus veio moldado sua história para que
pudesse compreender o que mais tarde lhe iria acontecer. Se tomarmos os
evangelhos apócrifos que narram a historia da natividade de Maria, perceberemos
que ela nasce de um lar improvável para com a realidade humana, mas não para a
graça de Deus.
Joaquim era o nome do pai de Maria. Ele
era um homem rico e muito piedoso. Descendente da Tribo de Judá, Joaquim
casou-se com Ana, filha de Acar, também de sua tribo, quando tinha 20 anos.
Passados outros 20 anos, o casal não teve filhos. Ana era considerada
estéril...(proto – evangelho de Tiago 1,2).
O casal Joaquim e Ana, passaram
por diversas dificuldades que podemos perceber na narrativa de alguns
Evangelhos apócrifos. Porém mesmo nas dificuldades, Ana não perdeu a confiança
em Deus, mesmo quando fora abandonada por Joaquim por causa de sua esterilidade.
Muito pelo contrário, tomou o sofrimento como incentivo para se encontrar com
Deus por meio de suas orações.
Depois da Oração de Ana um anjo
do Senhor aparece e lhe diz que sua oração tinha sido ouvida por Deus e que ela
conceberia e daria a luz e, em toda a terra, se falaria de sua descendência.
Ao dar a luz, conforme o Proto –
Evangelho de Tiago, Ana perguntou a parteira: “a quem dei a Luz? A parteira
respondeu: uma filha! E Ana exclamou: Hoje minha alma foi enaltecida. E deitou
a Criança. Quando se completaram os dias prescritos pela lei, Ana fez as
purificações do parto, deu peito à criança e pôs-lhe o nome de Maria.
Percebendo a ação de Deus na
vida de Ana e Joaquim, nos torna claro que Deus não mede esforços para que seus
desígnios sejam cumpridos. E principalmente, utiliza de caminhos mais difíceis,
para que possamos perceber que Ele se faz constantemente presente na vida da
humanidade, não ficando alheio ao sofrimento do seu povo, mas o convoca
constantemente a voltar para junto dele.
Deus para selar definitivamente sua
aliança com seu povo utiliza da sua própria criatura para gerar seu Filho no
seio da humanidade.
Diante desta realidade podemos usar das
palavras de São João Damasceno por ocasião das festividades da Santíssima Virgem
e proclamarmos juntos que “Hoje é o começo da Salvação do mundo, porque na
Santa probática foi nos gerada a Mãe de
Deus através de quem o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo nos foi
gerado.
O nascimento de Maria Santíssima traz ao mundo
o anúncio jubiloso de uma boa nova: a Mãe do Salvador já está entre nós. Ele é
o alvorecer prenunciativo de nossa salvação, o início histórico da obra da
Redenção.
Deus, antes que o
homem caísse, previu a sua queda e decidiu, antes dos séculos, a redenção
humana. Decidiu Ele encarnar-se em Maria. Hoje é o dia em que Deus começa a pôr
em prática o seu plano eterno, pois era necessário que se construísse a casa,
antes que o Rei descesse para habitá-la. Casa linda, porque, se a Sabedoria
constrói uma casa com sete colunas trabalhadas, este palácio de Maria está
alicerçado nos sete dons do Espírito Santo. Salomão celebrou de modo
soleníssimo a inauguração de um templo de pedra. Como celebraremos o nascimento
de Maria, templo do Verbo encarnado?
Santo Afonso de Ligório, por sua vez, comenta: "A nossa celeste menina, tanto por causa de seu ofício de medianeira do mundo, como em vista de sua vocação para Mãe do Redentor, recebeu, desde o primeiro instante de sua vida, graça mais abundante que a de todos os Santos reunidos. E que admirável espetáculo para o Céu e para a Terra, não seria a alma dessa bem-aventurada menina, encerrada ainda no seio de sua mãe! Era a criatura mais amável aos olhos de Deus, pois que, já cumulada de graças e méritos, podia dizer: 'Quando era pequenina agradei ao Altíssimo'. E ao mesmo tempo era a criatura mais amante de Deus, de quantas até então haviam existido.
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